quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Apoio


 Carta linda que recebi, muito obrigada Vera.

Isabella , 
Resolvi te escrever ao ler a Revista do Globo, fiquei muito chocada, pois conheci seu pai há uns 35 anos atrás quando, ainda dirigia algumas das empresas do Grupo, era um homem muito bonito e admirado por seu modo de tratar os que o procuravam para assuntos comerciais. 
 Na época já tinha duas filhas e fiquei grávida novamente, torcia para nascer um menino, quando perguntavam se já havia escolhido um nome, respondia se for homem vai ser João Flavio,  para dar sorte, mas nasceu outra menina que agradeço a Deus todos os dias.   Que você não me ache inconveniente por  estar te escrevendo,  Espero de todo coração que você e sua Família sejam muito felizes, e que seu pai possa, daqui pra frente só te dar alegria. Vou procurar seu livro e continuarei te seguindo com este teu jeito lindo de ser. Um forte abraço , 
Vera Lúcia Gomes

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Uma historia de dor e superaçao

Boa tarde queridos leitoes,
Quero compartilhar com vocês a gestação de meu livro, que está para "nascer” em abril. É uma grande alegria, mas ao mesmo tempo está sendo tão difícil para mim!...

Quando resolvi escrever o livro, criei este blog. Em setembro de 2010 postei aqui o “Prefácio do meu futuro livro”. Na verdade esse prefácio (que ainda se pode ler clicando aqui no blog) não estará no livro dessa forma, mas foi a partir dele e dos textos que vieram depois que comecei a transformar em narrativas do livro os meus sentimentos e aprendizados. Até mesmo o título ainda está sendo estudado com a editora. Acho que não mais será “Começar de novo”. Logo que estiver decidido, informarei em primeira mão neste blog.

Com o apoio dos amigos e leitores, fui dando vida ao sonho de escrever minha história para ajudar outras pessoas que sofrem de situações semelhantes, como a codependência. Dessa forma comecei também a construir minha carreira de escritora. Quem lê um livro não imagina como é trabalhoso! Mas ao mesmo tempo é muito gratificante, vale a pena o esforço.

Mas não recebo só apoio. Algumas pessoas muito próximas mostram-se temerosas, por minha decisão de revelar meus sentimentos e minha vida, tanto no blog quanto no livro. Não entendem. Acham que isso pode ser ruim para minha família. Mas eu tenho certeza de que não será ruim, pelo contrário.

“O falar cura”, já dizia Freud. Quanto mais iluminamos um problema e o encaramos de frente, torna-se mais fácil vencê-lo. Quanto mais colocamos para fora a nossa dor, ela dente a diminuir e passamos a lidar com suas causas de uma forma mais madura e melhor. Se contarmos nossa história verdadeiramente e sem medo do julgamento dos outros, haverá menos espaço para fofocas e distorções.

Minha família e eu estivemos expostos durante mais de trinta anos, não por minha causa e sim pelos problemas que meu pai teve. Por ser uma pessoa pública, ele teve sua vida  muito exposta na mídia. E nem tudo o que saiu na mídia é verdade. No meu livro, a verdade será dita com muito amor, compaixão e respeito por minha família. Meu pai é um homem maravilhoso, mas foi vítima da droga e de uma doença psíquica mal diagnosticada na ocasião. Hoje, ele está livre da droga e é o maior entusiasta do meu livro.

Minha meta é ajudar outras famílias que estão expostas ao crack e a outras drogas. Quero dar meu testemunho de dor e de superação, além de um grito de alerta sobre o mal que a droga faz e o quanto ela muda o caráter de uma pessoa.

Meu livro está sendo umas de minhas maiores lutas. Desde quando comecei a escrevê-lo, até agora. Apesar de todas as dificuldades, essa experiência me deixa muito feliz. Feliz com o interesse que o livro já está provocando. Feliz com a força de tantos leitores e de meu pai.
Feliz por contar com a parceria de uma editora maravilhosa. Feliz por ver a ajuda que poderei prestar a muita gente. Essa felicidade, porém, não está sendo completa porque algumas pessoas ainda tentam me convencer a não publicar meu livro. Ainda não entenderam que ele será um instrumento de amor e verdade.

Não posso agradar a todos. Não quero voltar a viver de novo como codependente. Não sou mais. Superei. Tenho que ser forte e não me deixar abalar por ninguém, mesmo que sejam pessoas a quem amo. Um dia, sei que elas vão me entender. É preciso aceitar os fatos como são. O prejuízo que sofremos ao longo de muitos anos, contado agora no livro da forma verdadeira e positiva como estou contando, não mais será prejuízo e sim superação. Gostaria de não ver mais ninguém passar pelo que nós passamos.

Obrigada a vocês, leitores, aos meus amigos, meu filho, meu pai, minha mãe, meu psicanalista, e à editora Rocco, por acreditarem em mim. Vamos prosseguir nossa luta, porque a vida é assim. Nada pode derrubar o amor. Esse amor que recebo de vocês me sustenta e me faz seguir em frente. Agora é viver!

Um beijo com carinho, Isa

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Somos todos iguais !


Boa noite querido leitores,
Hoje vamos falar de uma questão importantíssima e que me revolta demais: doenças psiquiátricas e dependência química.

Por que algumas pessoas acham que o doente com depressão escolheu estar assim? Desequilíbrios psiquiátricos são doenças, está mais que comprovado! Devem ser tratados como doença e não como se o doente fosse algum estranho no mundo.

Por que os pais não encaram como doença quando seu filho é dependente químico ou tem depressão, por exemplo?  Se ele tem febre, infecção ou catapora, por exemplo (para não falar de coisas piores), os pais não têm dúvida de que se trata de uma doença, mas se ela se manifesta no comportamento, e não em um sintoma visível no corpo, preferem esconder isso. Quando não conseguem mais esconder de si mesmos, escondem da sociedade. Isolam o filho em clínicas, com medo do julgamento dos outros. Não cuidam dele abertamente, porque preferem fingir que nada está acontecendo.
Os pais que agem assim estão matando aos poucos o seu filho, que por infelicidade tem esse tipo de doença. Como ter vontade de viver se os próprios pais e a família não acreditam nele e o esconde?
Está mais do que na hora de encarar esses problemas de frente. Uma pessoa que tem anorexia, por exemplo, é tratada como fútil e fresca! É uma doença grave, gente. Essa pessoa não está bem, não está feliz, precisa muito de ajuda e não de ser escondida.
Não falar desses problemas abertamente é uma hipocrisia que precisa acabar! Só piora a situação do doente, que passa a sentir-se um E.T. no mundo.

Pessoas "normais" são melhores que os doentes?  Não são. Uma pessoa que tem bipolaridade, por exemplo, pode ter uma vida normal se for medicada corretamente, assim como um paciente com câncer. Aliás, muitos grandes gênios e notáveis figuras no mundo têm ou tiveram doenças psíquicas.

Vamos quebrar esse tabu! Chega de preconceito com os problemas psíquicos.

Este texto é também para a minha família. Se os pais de meu pai tivessem encarado de frente o problema do filho, ele não teria passado por metade do inferno que teve que passar, e que tivemos de passar com ele. Sempre foi tudo escondido e nunca falado, só porque era tido como tabu. 
Sim, ele tinha algo estranho em seu comportamento, mas tinha muito mais habilidade para negócios do que muitas pessoas “normais” que trabalhavam com ele. Por que não davam crédito a ele? Por ser doente? E dai ? Temos que separar as coisas: ele pode ser doente e dependente químico, mas ser um ótimo profissional.

Não piorem a situação de seus filhos ou familiares, escondendo-os e mentindo. Assumam que esses problemas existem e tenham coragem de encará-los de frente, para o bem-estar de todos. Procurem grupos de apoio como Nar-Anon.
O Brasil está atrasado nessas questões, existe muito pouco espaço para o tratamento sério de doenças psíquicas aqui. Está na hora de mudarmos isso e de ajudar os doentes a terem uma vida mais digna.
Meu pai sofreu esse preconceito. Eu e meus irmãos também. Sofri isso na pele. Quando tive depressão, meu problema era visto como frescura. Pelo amor de Deus, gente!
Hoje quero passar minha experiência para vocês, leitores desse blog, e para o Brasil todo. Quero ajudar a abrir os olhos de muitos que estão voltados para o próprio umbigo. Vou dar palestras, lançar meu livro, continuar escrevendo outros livros e contribuir de todas as formas que eu puder.
Quem for dependente químico, procure ajuda especializada. E as famílias, percebam que são codependentes, e procurem ajuda também.
 A autora Gloria Perez mostrou um pouco do que estou falando em suas novelas " O clone" onde ela fala da dependência química  e em "Caminho das Índias" onde ela nos mostra a doença esquizofrenia . Ela, em ambas novelas, deixa claro que essas doenças tem como serem controladas e que o doente pode sim ter uma vida "normal " basta querer e se tratar.  Então nunca desistam de viver ! 
Beijos, Isa.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Cartas de apoio a meu livro !



Boa noite queridos leitores, venho recendo cartas lindas de apoio do Brasil todo em relação a meu livro. Fico tao feliz e grata . Quero dividir algumas com vocês . Mais uma vez obrigada a todos pelo carinho e apoio! 
Sem vocês não iria conseguir. Vocês me dão força e determinaçao para seguir em frente com esse projeto tao doloroso para mim só que necessário para ajudar todos que passam pelo que passei ! Até convite para lançar meu livro nos Estados Unidos recebi !

Prezada Isabella, sou de Caxambu-MG, cidade que você deve conhecer, pois aqui funcionou durante 25 anos uma empresa de águas minerais pertencente ao grupo Supergasbrás a Superágua que envasava a famosa Água Caxambu, tive a felicidade de trabalhar por quase 20 anos nessa empresa sendo alí meu primeiro emprego.
Mas o assunto é sobre o tema do seu livro; "drogas", pobre de quem vive esse pesadelo ou que tem um familiar, um amigo quem quer que seja envolvido nesse mal; tenho alguns parentes e amigos envolvidos com álcool a droga lícita mundial.
Fico muito feliz por saber que seu pai superou essa dependência. Na época em que trabalhava na Superágua tive oportunidade por muito pouco tempo por algumas vezes de receber aqui em Caxambu o seu pai, que nos tratava muitíssimo bem.

Lhe desejo muito sucesso com o livro e que seja só o começo dessa bela carreira e que você supere a cada instante as lembranças e recordações. Estarei atento para adquirir seu livro assim que for lançado.
Um abraço
Sorte, saúde e Sucesso!
( sem citar nome aqui para não expor) - Caxambu-MG. 


Ola Isabella, td bem?
Li o blog sobre superação, muito interessante.

Tenho uma Fundação em New York que busca dar suporte a centros de tratamento de usuários de drogas e instituições que buscam desenvolver trabalhos com pessoas dependentes químicos, como o Coler-Goldwatere e com deficiência mental na Albert Einstein College of Medicine, dentre outros projetos como de educação e cultura.

Mas em relação ao seu livro, podemos organizar seu lançamento em New York.
Pra quando seria?
Publico alvo?
Alem de New York, gostaria de divulgar em outros estados americanos?
Leonardo Reis
Aguardo seu contato
US Brazil MKT INC
4 West 43rd St, 6th Flor

Querida Isa. 
Gostei muito de sua entrevista , pela transparencia! E saber que o Flavio esta superando esta fase 'negra' de uma vida mergulhada na obscuridade; eh um alivio pessoal. E voce, mais do que ninguem, merece credito por este renascer do seu pai. Eu sou testemunha de seu sofrimento emocional, e quero acompanhar este seu progresso triumfante nesta incansavel luta pelo resgate fisico, moral e emocional, dele, de seus irmaos, e sobretudo, seu! Pra mim, voce tem sido, e continuara sendo, minha adoravel, e admiravel, 'Heroina'! Bjo  Alimir,  Los Angeles 


quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Conseguindo minha liberdade !


Bom dia, queridos leitores,
Quero dividir com vocês a experiência que passei enquanto escrevia meu livro.
Vocês não imaginam como foi difícil tocar nos sentimentos que estavam quietos e falar de minha dor, de meus medos, meus traumas, minha intimidade. Histórias de vida que eu não lembrava mais, pelo menos conscientemente. Experiências que fazem parte de mim e de como eu sou, mas que ainda são dolorosas e, por isso, estavam guardadas nos porões da memória.
Doeu muito, trazer à tona aquelas lembranças. Houve dias em que eu mal conseguia pensar sobre o livro. Passava semanas sem conseguir escrever uma linha, evitando sentir novamente aquela dor que eu sentia ao trazer  para fora as lembranças. Tinha enjoos, vômitos, febre, insônia, crises fortíssimas de ansiedade. Quando estamos passando por um forte estresse ou remexendo as próprias feridas, como eu fiz, o nosso corpo reage e chega a adoecer.
Cada capítulo que ia ficando pronto me dava um alívio enorme. Mas quando tinha que reler, revisar, era terrível, porque tinha que voltar àquela mesma dor e àqueles sentimentos estranhos. 
Não foi fácil!
Mas quem disse que a vida é?
Não é. Temos é que aprender a lidar com as dificuldades e fazer do limão uma limonada, assim como eu fiz com minha história de vida. Ao invés de ficar remoendo ou reclamando de meu passado, resolvi escrever e isso me fez crescer. Com meu livro, entre outros projetos que virão junto com ele, vou poder ajudar a quem precisa e quer ser ajudado. Quero dar palestras, trabalhar em uma ONG, ter uma coluna sobre comportamento em uma revista ou jornal, quero ajudar de alguma forma aos que sofrem com o problema do crack e outras drogas, inclusive aos seus familiares, que são codependentes e ainda não sabem lidar com isso.   Tenho uma enorme vontade de fazer um lançamento também no Morro do Alemao , para ajudar também os mais carentes. 
Até mesmo histórias pesadas e tristes podem servir como exemplo e esperança para os outros. E isso foi muito importante para mim mesma. Colocando para fora todo o lixo que estava entalado na garganta, eu renasci, consegui organizar minhas ideias e a vida ficou melhor.
Muita gente prefere esconder suas histórias e elas acabam sendo distorcidas, mal contadas, muitas vezes na forma de fofocas. Por isso sempre achei melhor revelar tudo, contar como foi realmente. Nada como a verdade, para iluminar nossa vida. Hipocrisia não é comigo. Não consigo fingir. Tenho orgulho da mulher e mãe que sou, e de como consegui sobreviver com saúde. Foi uma luta, minha vida sempre foi de batalhas. Sempre as enfrentei e agora estou enfrentando mais uma, que é conseguir autorizações de cada membro de minha família para lançar o livro.
Tenho recebido muitas cartas de leitores deste blog, querendo saber quando o livro sai. Isso para mim é altamente gratificante e estimulante. O que me sustenta e não me deixa desistir são as mensagens de vocês, o incentivo de meu analista, meus amigos, meu pai e meu filho. Se meu blog já atinge pessoas em todo o Brasil, o livro terá um alcance ainda maior.
Minha infância foi destruída pelo envolvimento de meu pai com o crack. Quero poder ajudar famílias que hoje sofrem esse tipo de problema. Só quem viveu o que vivi pode entender a dor e o desespero de ver seu familiar se drogando e correndo risco de vida todos os dias na sua frente. É desesperador para um filho. Eu era essa filha. Graças a Deus, à força de meu pai e ao amor de todos nós que estávamos ao lado dele, hoje ele esta com saúde e limpo. O nascimento do meu livro representa para nós uma volta por cima, um giro de 360 graus!
Estou me sentindo livre e com mais força.
Agora estou enfrentando a mídia, tendo que dar entrevistas e de novo falar de minha vida e de como foi... Mais uma vez está sendo doloroso, mas é necessário para meu projeto. Daqui a pouco tempo espero estar “tirando de letra”, enxergando tudo isso como um trabalho duradouro, uma missão de vida, sem me deixar abater.
Obrigada a todos vocês que sempre estiveram aqui comigo. Em breve o livro estará nas livrarias e vamos conversar cada vez mais.
Quero hoje enviar um agradecimento especial ao meu amigo e parceiro nessa jornada do livro, o escritor e consultor editorial Gustavo Barbosa. Sou muito grata por toda sua força e carinho. Sem ele, eu não teria chegado até aqui.
Um beijo com carinho, Isa.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Superaçao


Mauro Ventura
Mauro Ventura escreve aos domingos na Revista O Globo

Duas Cocas Zero e a conta: com Isabella Lemos de Moraes

Ela enfrentou um inferno particular, que causou depressão, bulimia, anorexia e traumas os mais diversos


Isabella Lemos de Moraes: dependência do pai em crack causou nela problemas como bulimia, anorexia e depressão
Foto: Terceiro / mauro ventura
Isabella Lemos de Moraes: dependência do pai em crack causou nela problemas como bulimia, anorexia e depressão Terceiro / mauro ventura
RIO - Olhando de fora, Isabella Lemos de Moraes tinha uma vida de contos de fada. Bonita, de família rica e influente, vivia cercada de artistas e celebridades. Mas, sob essa aparência, ela enfrentava um inferno particular, que causou depressão, bulimia, anorexia e traumas os mais diversos, como se poderá ler no livro que tem título provisório de “Começar de novo” e que será lançado em abril pela Rocco, como antecipou a coluna de Ancelmo Gois no GLOBO. Na obra, ela fala sobre codependência. Ou seja, de como o vício do pai em crack afetou sua vida — e a de sua mãe e seus irmãos. “A família adoece junto”, diz ela, de 37 anos, que chegou a pesar 47 quilos — hoje, tem 52, em 1,69m.
Seu pai é João Flávio Lemos de Moraes, filho do fundador de um conglomerado de 25 empresas que incluía a Supergasbras. Eleito um dos homens mais elegantes do mundo, João tinha entre os amigos Sammy Davis Jr., Liza Minnelli, Julio Iglesias, Boni, Pitanguy e Roberto Carlos, que é padrinho de seu filho. O empresário está limpo há quatro anos e é entusiasta do livro. Isabella, que tem o blog <euefreud.blogspot.com.br>, diz: “Ele tem ótimo coração, é amoroso, carinhoso, não tinha noção do mal que nos causava. Hoje tem.” Ela quer dar palestras em ONGs e escolas sobre o tema e fazer um dos lançamentos no Morro do Alemão.
REVISTA O GLOBO: Como você descobriu que seu pai era viciado?
ISABELLA LEMOS DE MORAES: Quando ele começou a usar, eu tinha cerca de 5 anos. Mas só com 12 anos passei a perceber um comportamento estranho. Ele se isolava no quarto, sumia, viajava. Minha mãe ficava muito triste. Até que aos 14 achei droga em casa e meu pai confirmou ser dele. Foi um choque muito grande, era um herói para mim. O que me ajudou muito foi ler a autobiografia em que Drew Barrymore conta o vício em drogas e álcool. Embora eu não usasse, havia de igual o vazio, a tristeza, a solidão, o sentir-se um ET. Não conseguia conversar com os outros, iam achar que estava louca. Já aí pensava: “Se um dia conseguir superar essa história vou escrever um livro.” Comecei a escrever há um ano e meio, mas mesmo depois de tanto tempo foi muito difícil, porque mexeu com sentimentos que foram muito complicados para mim.
Como você se sentia?
A família se torna codependente e adoece. O dependente químico sofre menos porque está anestesiado. Quem está ao redor sofre muito mais, volta toda a atenção para ele e se paralisa. Tive bulimia e anorexia. Era uma maneira de chamar a atenção, dizer: “Estou aqui, cuidem de mim, olhem para mim.” Cada um dos quatro filhos adoeceu de um jeito (uma irmã também se tornou dependente). Era um pedido de socorro. Tive muita depressão. As pessoas achavam que era frescura: “Você não tem motivos para ficar triste, é linda, a família tem dinheiro, o pai é maravilhoso.” Não sabiam o pesadelo que era. Você fica muito carente, desestruturada, insegura, não sabe quem é, o que fazer. Fui modelo da Elite, promoter, larguei Direito no último ano, cursei dois anos de Moda. Mas agora me defini profissionalmente. Curso o sexto período de Jornalismo, quero fazer pós em Psicanálise, ser escritora e ter coluna de comportamento em revista ou jornal. Estou escrevendo meu segundo livro, um romance, baseado em coisas que vivi.
Você tem um filho de 17 anos. Como você é como mãe?
Casei cedo, acho que foi uma fuga para sair de casa. Tive filho aos 20 anos. Fui tão acostumada a cuidar que inconscientemente quis um filho para ter minha família “normal”, dar a ele tudo que não tive, fazer tudo ao contrário do que fizeram, impor os limites que não recebi. Batizei meu filho com o nome do meu pai, achando que isso iria mexer com ele e ele iria melhorar. É ilusão, mas você fica obsessivo em curar.
O que você acha da internação compulsória de viciados em crack?
Sou a favor num momento isolado, emergencial, quando a pessoa está tendo overdose, surtando, em risco de vida para si ou para os outros. Mas não a favor de clínica onde a pessoa passa seis meses, um ano isolada. Meu pai foi internado mais de 15 vezes, e cada vez saía pior, mais revoltado. Achava que era um ato de violência que estavam comentendo contra ele. Só parou quando quis. Os filhos tinham saído de casa, minha mãe havia se separado após 25 anos casada, ele perdeu espaço nos negócios. Ficou sozinho e percebeu: “O que estou fazendo da minha vida?” Minha mãe deveria ter se separado há mais tempo. Isso poderia ter ajudado, mas ele não teve esse baque. O crack não o destruiu, mas fez danos gravíssimos a ele e à família. Felizmente ele conseguiu dar a volta por cima.
Como seu pai descobriu o crack?
A sociedade acha que o crack só é usado por pobre, por gente da rua. No Brasil, meu pai usava cocaína. Mas fomos morar nos Estados Unidos. Lá ele passou a usar, em Beverly Hills, no high society americano, há mais de 20 anos. Mas a família esconder a dependência em crack, prefere falar que o parente está viciado em cocaína. Fui visitar há pouco uma clínica e tinha várias pessoas de sobrenome internadas por causa do crack.
É verdade que você foi chamada para fazer “Mulheres ricas”?
Sim, mas recusei. Não tem nada a ver comigo. Falei na emissora: “Adoraria participar, mas o que eu vou fazer aqui? O que eu vou falar? Vou ter que ser um personagem.” Meu dia é ir à faculdade, à academia, cuidar do filho. Não tenho motorista, não tenho carro blindado. Fomos criados com tudo do bom e do melhor, mas somos simples, nunca fomos de ostentar. Meu avô dizia: “Quem tem fica quieto.”

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/ece_incoming/duas-cocas-zero-a-conta-com-isabella-lemos-de-moraes-7405915#ixzz2JBJgWrPK

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Violência psicológica


Boa noite , queridos amigos e leitores.

Hoje falarei de um problema sobre o qual pouco se fala, embora seja mais comum do que parece. Trata se de violência psicológica.

Você, que está lendo meu blog neste momento, já sofreu ou já presenciou esse tipo de violência? 

Começa de forma sutil, como uma critica a você, uma desvalorização que se torna frequente. Ou com uma atitude de desprezo, como acontece, por exemplo, quando o seu parceiro ignora você enquanto você esta falando de sua dor ou qualquer outra coisa que seja importante para você. Xingamentos e acusações sem cabimento.  É mais ou menos assim que inicia a violência. 

A violência psicológica pode doer mais que a física.  Ela começa aos poucos e, quando percebemos, já é tarde. A violência física se percebe logo que acontece e você tem a escolha de sair da relação ou não.
Você tem mais evidências de que aquela relação não é para você.  Ninguém quer apanhar, não é? Então a pessoa agredida pensa: "Assim não dá mais.  Isso chegou a um ponto em que minha vida corre risco."
 E assim consegue sair da relação com mais certeza do que está fazendo.

Mas, ao sofrer violência psicológica, depois de ouvir palavras terrivelmente ofensivas a nossa autoestima fica tão prejudicada que a gente se esquece do que aconteceu, por amor à pessoa que nos agrediu. Então começamos a nos isolar dos outros, a nos afastar dos verdadeiros amigos, em função de um relacionamento doentio. A vítima fica sem espaço para pensar. Isso preenche a sua vida de uma forma tão cruel que ela acaba se anulando. Pensa 24 horas nas agressões e no agressor, em como evitar as brigas e crises de ciúmes do outro. Vira uma obsessão. Não pensa em coisas boas e sim como evitar qualquer movimento para não ser maltratada.

É uma doença. O agressor passa a dominar sua vida. E você a dele. Torna se uma relação doentia e ambos sofrem. Quem é agredido psicologicamente reage agredindo também. Aí está o perigo, pois se os dois se agridem o próximo passo é a agressão física. Quem tortura o outro psicologicamente pode levá-lo a cometer loucuras.

O amor não maltrata. O amor nos faz bem. Se alguém maltrata você e não o (a) respeita, isso não é amor e sim uma doença. Se você passa por isso, tente sair fora o quanto antes. Não tem jeito, a pessoa não muda. Geralmente, pessoas assim são doentes e não tem cura. Ou é psicótico, vê coisas onde não tem e acusa o outro fazendo-o sofrer, ou é psicopata e faz sofrer por ter prazer nisso. 

Lembre-se, não podemos esquecer quem somos, pois é aí que deixamos a porta aberta para o sofrimento e dependência .

Eu vivi esse dilema . Sofri muita na relação e tentei de tudo para ajudá-lo. Acreditava que, por amor a mim, ele iria mudar, ia se tratar e passar a ver que tudo o que ele me acusava era da cabeça dele, e assim poderíamos viver em paz. Achei que nosso amor seria maior, mas não foi. Ele não me amava e sim queria me controlar. Não adiantou nada que fiz por ele. Ele acredita somente no seu pensamento doentio, surtava e me agredia verbalmente.

Até que um único dia ele partiu para agressão física. Foi então que acordei e resolvi deixá-lo. Até hoje ele não pediu desculpas, não enxerga que errou e que cometeu um crime. Não só dessa última vez, mas durante toda a relação, suas agressões verbais me causaram danos graves, e ele nunca achou que estava errado em me maltratar. Relevei por amor e por acreditar que poderia ajuda lo . Não podemos mudar ninguém que não quer ser ajudado. 

Graças a Deus enxerguei essa loucura antes de nos casarmos. Planejávamos casar e ter filhos. Imagina que terror! Estar casada com uma pessoa agressiva e ainda ter filhos no meio!? 

Não deixe isso acontecer com você. Quase aconteceu comigo. Quem está vivendo uma situação precisa de ajuda médica, de apoio psicológico e de amigos para sair dessa.

Força! A violência psicológica também deixa traumas irreversíveis. Não se cale, peça ajuda! Pessoas que aceitam esse tipo de violência geralmente são co dependentes. Se esse é o seu caso, procure ajuda e saia dessa tortura. E se conhece alguém que esteja nessa situação, indique-lhe a leitura deste blog.
Outra coisa importantissima , se você sofre violência psicológica ou física denuncie , essa pessoa não pode ficar impune. Não pode cometer com outras pessoas o que cometeu com você. 
Dica de leitura ( livro ) "Amores que nos fazem mal "de Patricia Delahaie 

Beijos com carinho, Isa