quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Um dia de cada vez !!!


Oi gente !!!
Ontem cheguei angustiada na análise! Não sabia porque estava tão nervosa, ansiosa, preocupada e com medo...
Pois as coisas estão indo bem em minha vida. Meu filho está ótimo, estou indo muito bem na faculdade, estou amando o que estou fazendo me sentindo realizada em meus projetos,me sentindo viva, feliz com o Blog e meu livro.
Só que apesar de todas estas situações positivas estou sentindo muita ansiedade, tendo crise de alegria que na verdade eu não sei lidar com ela! Eu nunca fui feliz assim, produzindo, me identificando com projetos que eu mesma idealizei que não ficaram somente no campo das idéias mas estão sendo colocados em prática. Nunca fui feliz por mim mesma entendem ? Nunca tive a chance de me realizar, de ter esperança que minha vida seria algo diferente do que eu vivia. Agora estou vendo que tudo se encaixa! Tudo faz muito sentido para mim.
São sentimentos paradoxais para mim, e muitas vezes considero meus sentimentos ambivalentes diante de tantas mudanças e transformações, ainda que positivas e representando meu crescimento. Era tudo que queria e agora que estou conseguindo não estou sabendo lidar sabe?! Eu não estou conseguindo dormir. Conversei sobre isso tudo com meu analista . Reclamei da falta de sono e que só fico pensando . Minha mente não pára, trabalha 24 horas! Comentei que estava exausta! Pedi ajuda a ele! Quero compreender a mim mesma! Porque estou me sentindo assim? Não tenho motivos aparentes! Não estou compreendendo a razão de tamanha ansiedade e insônia. Será que depois de sofrer praticamente toda minha vida fiquei com alergia à felicidade?!
Eu realmente estava aflita e sentindo uma angustia muito grande, e foi então que ele me relatou uma história verídica, que irei compartilhar com vocês.
A historia era a seguinte: Na época dos campos de concentração os presos passavam muita fome, passavam por muita privação de todas as formas. Sofriam demais e claro apesar de tanta dor eles se acostumaram com aquele sentimento e até mesmo aprenderam a administrar a sensação de fome como meio de sobrevivência. Eles não sabiam viver de outra forma. Quando apareceram pessoas por lá e levaram grande quantidade de alimento para eles, eles não paravam de comer. Não queriam mais dormir, fazer mais nada a não ser comer. Pois tinham medo de que se parassem iriam sofrer tudo de novo . Que essa alegria não era verdadeira e permanente, mas fugaz e passageira, então iria acabar, por isso não desgrudavam do que os estavam deixando saciados e confortáveis, que era naquele caso a " comida" . Eles não estavam acostumados àquela provisão, com a sensação de saciedade e conforto, mas somente com a dor da privação. Eles tinham medo de parar de comer e correrem o risco de novamente terem fome, "dor "entre outras privações. Ate que os médicos foram vendo que a quantidade de alimento ingerida estava fazendo mal à eles e muitos morriam por isso. Resolveram dar uma porção pequena para cada um todos os dias. Ate que eles se acostumassem que aquilo era de verdadeiro e permanente. Que eles não precisavam temer, pois iria ter novamente alimento para eles no dia seguinte! Que desta vez não tinha ninguém os enganando. Que era verdade! Que podiam confiar! E assim foi o processo até os prisioneiros compreenderem em seu íntimo que aquilo que eles conquistaram era deles e ninguém mais iria tirar. Meu analista me contou essa história para eu mesma perceber que eu estou vivendo esse momento! Para que eu pudesse enxergar também que estes sentimentos ambivalentes e confusos são perfeitamente naturais neste momento em que estou vivendo, pois é uma fase de transição. Circunstâncias boas e saudáveis estão realmente ocorrendo em minha vida, mas como tive muita privação de amor e de tudo ( menos material, o que é o menos importante ) que precisava quando era criança ate o dia de hoje eu ainda preciso de algum tempo para que meus pensamentos sejam modificados, visto que estas experiências foram profundas e me marcaram bastante. Eu ainda tenho dificuldade para acreditar na felicidade! Eu conquistei minha faculdade, a educação de meu filho, meus amigos, meu Blog, meu crescimento como pessoa. Eu posso confiar! O meu analista desempenhou comigo o mesmo papel que aqueles médicos tiveram com os prisioneiros, está me ajudando a enxergar que ninguém ira tirar isso de mim! Me fez ver que foi eu que construí tudo isso até aqui. Ele também disse: Entenda que você também precisa ir mais devagar. Senão você ficará como os presos da história: ansiosos com medo e sem dormir. Porque fica achando que vai acabar! O medo é um sentimento que nos paralisa e suga nossa energia, consumindo todo nosso ser. Dessa vez não vai acabar!
O que acabou foi a vida que você vivia, isso sim, Isabella acabou! Dessa vez você quem fez! Você sofreu muitos maus tratos e privações e por isso não acredita que a felicidade veio e só depende de você. Você precisa de mais tempo para acreditar. Foram muitos anos pensando diferente e sendo tratada de determinada forma, é natural sentir o que você está sentindo. Mas você vai conseguir, como já conseguiu tantas outras coisas.
Eu fico com medo sabe gente ?! De acordar amanha e não ter mais nada. Porque sofri demais... Não tive nada sólido em minha vida! Agora que estou construindo, é difícil à beça crer que o tempo de cantar chegou! Ao invés de estar pulando de alegria, estou com insônia e sofrendo! Mas acredito no meu tratamento e em mim! Estou tendo tantas propostas boas de trabalho e de vida!!! Vocês já passaram por isso?! O meu maior problema é esse. Medo de ser feliz!!! Lógico que tive momentos felizes e maravilhosos mas nada sólido! Minha única felicidade de verdade até hoje, felicidade sólida é meu filho!!! E agora está começando ser minha carreira!
Nossa estou muito feliz! Mas ainda com medo!!! Mas vamos à luta!!! Logo estarei contando aqui para vocês como subi mais este degrau, pois acredito que subirei! Um dia de cada vez!
Se você querido leitor, se sente desta forma, saiba que para ser curado você precisa desejar ardentemente, pois quando fomos tratados na infância principalmente de forma indevida ou imprópria isso pode ter afetado profundamente seu emocional, de forma que para você ser curado da dor do abuso na sua alma você tem de desejar ser saudável, como diz uma autora que muito admiro, chamada Joyce Meyer. Aliás eu não poderia deixar de relatar aqui que esta mulher é um grande exemplo de superação de grande dor e abuso em todos os sentidos. A história dela mostra que é possível deixar de ser prisioneiro da dor para se feliz e saudável. Um dia conto melhor para vocês.
É sempre bom ter alguém para nos inspirar, histórias verídicas que nos fazem ver que é possível sair do fundo do poço! História veritica assim como a minha estou superando meus traumas e sendo feliz !!!
A pergunta que deixo para vocês e que preciso fazer a mim mesma todos os dias: Quer ser curado?! Você está realmente determinado a receber sua cura?

Fica para refletir que nem todos desejam sua cura em intensidade suficiente para fazer tudo o que é requerido. Feridas emocionais podem colocar nosso “eu” em uma prisão e temos que aprender a modificar nossos pensamentos assim como os prisioneiros do campo de concentração precisaram aprender a ter uma mente livre, sem esquecer que isso é um processo que se dá em uma caminhada, um dia de cada vez!
Bom dia para vocês!!!
Beijosss

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

little girls lost and now found !!!


Ontem fui dormir com uma coisa muito importante na cabeça. As memórias de um livro que li aos 13 anos. O livro se chama: Little Girl Lost, Drew Barrymore. Para quem não sabe Drew é aquela menininha que nos emocionou no filme E.T. e assim se tornou em Hollywood uma celebridade com apenas 6 anos de idade . Eu morava em Los Angeles quando comprei esse livro. Eu sempre acompanhava a vida dela. Drew Barrymore sempre estava na mídia envolvida com problemas que se pareciam com os meus e portanto me tocavam . Assim tive vontade de ler a sua história ... Esse livro foi se tornando minha companhia diária. Em cada pagina me encontrava dentro da dor e solidão que essa menina vivia na época com apenas 14 anos. Parecia que ela estava falando comigo. Impressionante!!!
A única diferença em nossa história era que o problema dela era decorrente da sua fama e uso de drogas. Isso trouxe à ela um grande vazio. Mas a dor, a angustia, a solidão, a vontade de sumir, a carência de pais, o medo de ficar sozinha, tudo era igual ... Ela assim como eu, cresceu muito sozinha. Ela não recebia orientação do que era amor e na percepção dela ela não se sentia amada. Eu também não me sentia. Eu tinha uma tristeza nos olhos, depressão, não tinha vontade de viver como tenho hoje. Sentia - me uma garota perdida em Los Angeles .Ela tinha a fama e falta de seus pais, que a levou as drogas e ao abismo . Eu não tinha familiares lá, somente meus pais e irmãos. Mas tinha um enorme vazio por não ter meus pais presentes como eu queria. Eles estavam lá perto de mim mas o amor, a presença e qualidade de tempo, limites, orientação, carinho, isso eu não tinha . Meu pai estava muito doente e minha mãe sempre muito ocupada com tudo da casa.
Para quem não leu meus posts anteriores, meu pai estava envolvido com drogas e minha mãe era co dependente (A co-dependência pode ser definida como um transtorno emocional característico de familiares ou pessoas da convivência direta de dependentes químicos, de jogadores patológicos e portadores de transtornos de personalidade) do meu pai . Quando ele ficava em estado crítico ela cuidava dele, (É o famoso "CARROSSEL DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA: no centro, o dependente químico agindo e ao redor... os co-dependentes estão reagindo, todos estão vivendo em função do dependente) pois era a maneira dela saber lidar com isso e tentar nos preservar de ver certas coisas. Ao invés dela cuidar de nós ela cuidava de meu pai, com o agravamento do dependente, os filhos ficam órfão de pais vivos. E assim nós fomos criados sem limites, orientação, carinho, amor... Minha mãe fez o melhor que pode, mas meu pai a deixava desestabilizada emocionalmente e ela já estava doente e envolvida querendo salvar a vida dele (Todo aquele que está emocionalmente ligado e oferece seus sentimentos e sua vida para "proteger seu dependente", visando impedir que comportamentos anti-sociais tornem-se transparentes, é um co-dependente ). Nesse livro cada palavra que ela dizia, cada frase de dor que eu lia, cada palavra de desespero, era eu gritando por ajuda mas essa ajuda não vinha nunca. Não tinha familiares por perto e fui cada vez ficando mais deprimida , sozinha e foi quando desenvolvi assim como Drew, problemas alimentares que hoje estou curada! Este livro foi um pedacinho de mim e também de minha família .Ele era também de certa forma meu amigo. Com ele não me sentia tão sozinha e estranha no mundo devido à identificação.
A vida se torna incontrolável e como forma de defesa o co-dependente desenvolve seu próprio estilo de vida, modificando sobremaneira o seu modo de se relacionar consigo, com a pessoa problemática e com as demais pessoas de seu convívio familiar, social, e profissional. O problema da dependência química adoece toda a família e todos ao redor (a maioria dos familiares são atingidos pelo problema da dependência.) Sentimos os mesmos "fellings" então tanto o familiar quanto o dependente, no fundo sente a mesma dor! São dores e aflições iguais. O tratamento é bem parecido . Mesmos princípios dos 12 passos entre outras doutrinas e métodos. Mas a dor o medo, a raiva, a culpa, é igual. ( A doença é contagiante. Um familiar acaba adquirindo hábitos e comportamento de um dependente químico/adicto) Você começa a viver um dia de cada vez... Quando voltamos para o Brasil eu já não era mais tão nova e minha vida foi se ajustando . Hoje não tenho depressão nem me sinto perdida! Fui praticamente criada sozinha e consegui criar meu filho muito bem e isso para mim é meu maior orgulho. Depois de tudo que passei com minha família e ainda passo consegui dar a volta por cima e ser uma excelente mãe. O importante é que me mantive sã . Dei a mim e ao meu filho meus próprios limites.
Os co-dependentes precisam ter coragem de colocar limites, fazendo parar de girar o Carrossel e desligar-se emocional mente do dependente, sentindo seu próprios sentimentos e vivendo suas próprias vidas. Estou estudando e buscando uma carreira. Assim como Drew, nós duas little girls losts conseguimos! Ela com internação e se dedicando a seus filmes, fazendo deles sua família!Eu com minha análise,com Deus, com meu filho, com meus estudos, amigos, família que hoje tenho uma relação melhor do que a de Drew, pois isto ela infelizmente não pôde ter ... E agora o Blog e o projeto de escrever meu livro... Tornaram se minha família junto com meu filho. Essas coisas sou eu que estou realizando mas estou sendo preenchida de AMOR! Entendem o que quero dizer?!
Agora Drew com 36 anos diz : " quando estava na casa dos 20 anos, queria um conto de fadas” "Hoje na casa dos 30 , percebi que existe o dia seguinte."
Por isso não precisamos ser tão ansiosos.Só por hoje! A Drew assim como eu buscava loucamente por ser amada devido a historia dela com o pai. Hoje ela assim como eu sabemos que não existe conto de fadas e que sempre tem o amanha. E que podemos ser felizes sozinha .
A ironia é que não precisamos de ninguém para nos dar um conto de fadas, nós mesmas podemos nos dar... E podemos fornecer para quem quisermos por outras vias ...
Demos a volta por cima e você também pode!!!
Espero ter esclarecido ainda que superficialmente a questão de como a dependência química é um problema que afeta a todos os envolvidos, não somente o usuário, as conseqüências são nefastas, dolorosas, mas é possível sair do fundo do poço, pois quando queremos ajuda, aceitamos que estamos doentes, sempre haverá uma mão estendida em sua direção.
Um bom dia a todos, aguardem os próximos posts!
Beijos Isa